segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Literalismos

Toda a gente já ouviu falar em hat-trick. Para alguns, é o simples acto de marcar três golos num jogo. Para outros é marcar três golos consecutivos num jogo. Outros há ainda que dizem que têm de ser alcançados todos nas mesma parte. Finalmente, os que afirmam que o verdadeiro hat-trick é aquele em que o jogador marca um com o pé direito, outro com o esquerdo e o outro com a cabeça.

Na verdade, existem inúmeras definições para hat-trick, mas nenhuma é tão literal como a que existe no hóquei em gelo norte-americano. Como a imagem em cima documenta, os adeptos levam a sério o termo e congratulam o jogador com a oferta de... chapéus.

A tradição começou em Guelph, Ontario, com os Biltmore Madhatters (que fazem parte dos NY Rangers). A explicação é simples. Biltmore Madhatters, o nome do principal patrocinador, é um fabricante de chapéus e decidiu que os jogadores que conseguissem um hat-trick teriam direito a um chapéu gratuito. A tradição pegou e, pouco depois, foi Sammy Taft a fazer o mesmo nos Toronto Maple Leafs. Não faltou muito até toda os adeptos começarem a fazê-lo.

Tempos houve que outros adeptos, como os dos Florida Panthers, decidiram inovar e atirar ratos de plástico (existe uma explicação e está relacionada com um jogador), mas a NHL interviu de pronto e proibiu ratos no gelo. Aliás... não foram apenas os ratos a serem proibidos, mas também todos os outros objectos... excepto os chapéus.

O último a fazê-lo, na NHL, foi o jogador dos Boston Bruins David Krejci, que na última quinta-feira apontou três golos no triunfo por 8-5 frente aos Toronto Maple Leafs. A imagem documenta que em Boston a tradição segue-se... à risca.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O Ídolo de proximidade

Michael Schumacher, Pete Sampras, Roger Federer, Tiger Woods, Lance Armstrong, o "Dream Team" do Barcelona. Figuras que dominaram um período da história da modalidade em que se distinguiam e com isso atraíram a si milhões de fãs por todo o Mundo.

Eram exemplos de superação e modelos para miúdos e graúdos que torciam pelos sucessos como se do próprio clube se tratasse. No entanto, não eram amados por todos. Schumacher era considerado perigoso e arrogante, Sampras não tinha grande aceitação na Europa e Lance Armstrong ainda hoje é odiado pelos franceses.

Pegando neste último caso, coloca-se a pergunta "porquê?". Lance é realmente um exemplo único de superação e de domínio absoluto na Volta à França em bicicleta, mas nunca teve uma boa relação com a imprensa francesa. A personalidade característica dos franceses impede-os de idolatrar uma figura estrangeira, especialmente quando os ciclistas franceses não ganham qualquer prova de destaque há muitos anos.

É este carácter de proximidade que influencia muito o destaque e emoção dada a uma modalidade. Numa crónica da Sports Illustrated, a revista de desporto mais conceituada dos Estados Unidos, Bryan Armen Graham afirma: "Na nossa cultura, um desporto é muito pouco popular se o melhor não é um norte-americano. Durante os anos 90, quando Jim Courier, Pete Sampras e Andre Agassi dominavam o ranking ATP, o ténis foi capa da SI 18 vezes... desde 2000 apenas cinco. O futebol, que se mantém como o desporto mais popular do Mundo com anos-luz de vantagem, mantém-se uma modalidade de culto nos EUA porque a selecção nacional não tem argumentos para vencer um Mundial num futuro próximo. A máxima acaba por ser "se não somos os melhores, provavelmente não valerá a pena fazê-lo".

E por que diz Graham isto? Para analisar a situação que o boxe vive na terra das oportunidades. Longe do fulgor do passado, os Estados Unidos estão em queda e assistem quase que impávidos e desinteressados ao domínio do bloco oriental da Europa, que domina em todas as categorias. Já sem heróis, que outrora eram manchetes de jornais e denominados como os "grandes invencíveis" e campeões do Mundo, os EUA são agora um país sem esperança para destronar as figuras.

Talvez por isso, o ucraniano Wladimir Klitschko seja um rei sem trono. Campeão mundial de pesos pesados, o europeu não perde há mais de quatro anos. O saldo da carreira tem um impressionante registo de 52 vitórias e três derrotas, sendo que 46 triunfos foram alcançados por knockout.

No entanto, continua sem passar de um simples desconhecido, ignorado por muitos.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Homem das alturas

Lembram-se de Ken Mint? O homem de 73 anos que joga basquetebol apesar da idade? Esqueçam a idade. É um jovem comparado com Fred Beckey, um alpinista de 85 anos que continua a desafiar as alturas e já traçou o novo objectivo: Norte de Espanha.

A história, como não podia deixar de ser, tem mais uma vez a chancela inconfundível do The New York Times. Para se ter uma noção da antiguidade de Beckey, poderá dizer-se que quando o Evereste foi escalado pela primeira vez, em 1953, já este alpinista de corpo e alma tinha 30 anos.

Apesar de não ter sido o primeira nos Himalaias, Beckey é o montanhista em actividade com mais topos virgens, ou seja, nunca ninguém subiu tantas montanhas pela primeira vez como ele. Este génio das rochas, neve e natureza tem uma modo de operação muito próprio. É considerado um homem frio, solitário e pouco dado a partilhar sabedoria. Ainda assim, não deixa de ser uma lenda viva para todos os verdadeiros apreciadores da modalidade.

Talvez por isso, a novidade da aventura ao Norte de Espanha tenha sido adiantada com grande ansiedade nos fóruns. "Pode ser uma possibilidade remota, mas está à procura de um companheiro", lia-se.

De origem alemã, de nome completo Wolfgang Paul Heinrich Beckey, este alipinista octogenário sofreu no passado pelo mau trato. De facto, em 1960, sete anos depois da primeira chegada ao Evereste, Beckey ficou de fora dos convites da primeira expedição americana. Várias gerações depois, os "miúdos" já o vêem de outra forma. Aos 28 anos, Dave Burdick considera que "Beckey já esteve em todo o lado e fez sempre coisas fantásticas".

Se antigamente fugiam dele e queriam distância, hoje fazem fila. Diane Kearns estará com Beckey em Espanha. Para ela, o importante não é tanto a subida, mas sim estar com o alpinista. "A oportunidade de o ver é tremenda. É uma lenda do seu tempo", reconhece.

Aos 85 anos, Beckey não dá sinais de se querer retirar nem de se limitar a escrever livros sobre elefantes, candidatar-se a presidenciais ou simplesmente inscrever-se em clubes de sueca. Continua fiel a uma vida repleta de marcas que se esforçou por alcançar e exactamente com as mesmas motivações.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Figuras desaparecidas

Tem nome de jogador e de país, mas nem por isso um passado repleto de grandes feitos no futebol. Passou por Portugal, mas não sem antes ter sido uma das grandes contratações de um colosso europeu. Não singrou e seguiu de empréstimo em empréstimo.

Em Portugal, no Minho ao serviço do Vitória de Guimarães, as estatísticas nem foram más: 4 golos em 11 jogos. Muito melhor do que nas passagens por Valladolid e Toulouse (também por empréstimo do Real Madrid), Levante e Recreativo Huelva. A melhor fase da carreira, além do Once Caldas, onde se formou e despontou para a ribalta, foi mesmo em Gijón, onde apontou 11 golos em 34 jogos na temporada 2006/07.

Infelizmente, tal como muitos outros, decidiu abandonar o clube, onde era acarinhado pelos adeptos para jogar na Liga Espanhola (6 jogos ao serviço do Recreativo). Os adeptos reagiram mal, chamaram-lhe "pesetero" e, de certa forma, agouraram-lhe o futuro. Venceu o "Molinón del Plata" (melhor jogador da equipa), mas isso não o demoveu a tentar voos mais altos e "desprezou" o prémio ao faltar à cerimónia.

José Maria Suárez Braña, presidente das claques da equipa, tentou contactá-lo, mas sem êxito. "Não nos atendeu nem respondeu às nossas mensagens. Talvez não o mereça, mas foi o resultado da votação das nossas claques e, apesar de termos sido pressionados, optámos por fazer o mais lógico", explicou.

Actualmente? Joga, apenas para manter a forma e esperar um contrato melhor, no Olímpic Xátiva, da Regional Preferente, uma divisão que os portugueses ignoram por completo e, para ser sincero, só hoje ouvi falar dela.

Ao que parece, este avançado está a impressionar e em dois jogos já leva três golos, mesmo que na distinta divisão da Comunidade Valenciana, que resumindo para hierarquias corresponde à quinta divisão.

Resta dize que no Vitória de Guimarães jogou ao lado de nomes como Tomic, Carlos Alvarez, Feijão e Sion. O seu nome... Edwin Congo!

Nota ao Master Kodro: Encara o post sobre os vimaranenses como uma recepção de boas-vindas a este espaço.

Jogo sem regras

Quantos de nós já participaram num jogo sem conhecer as regras na perfeição? Na verdade, até no futebol, o desporto que passa diariamente na televisão, às vezes com múltiplos jogos, existem situações em que a situação é difícil de definir porque remetem para formas de actuação muito invulgares.

Ainda assim, todos nós nos consideramos suficientemente aptos para ver um jogo e analisar se as situações estão a ser bem ajuizadas ou não. No campo oposto, está o futebol americano. Poucos são os portugueses que os dominam, muito por culpa de só termos um jogo por ano (o da Super Bowl) transmitido por canais portugueses. Aqui, não se sabem as regras. Vê-se o jogo, ouvem-se os comentadores explicar o pequeno manancial para interpretar a partida e pouco mais.

De certa forma, sentimo-nos ignorantes, mas ávidos de acolher uma nova realidade e aumentar a nossa capacidade de conhecimento do jogo. Ainda assim, um recente trabalho da ESPN demonstrou que não somos os únicos. Recentemente, o jogo entre os Philadelphia Eagles e os Cincinnati Bengals terminou empatado. Após um prolongamento, a situação manteve-se e os árbitros deram por terminada a partida (para alguns cairá agora o mito de que no desporto americano nunca há empates), de acordo com as leis do jogo.

O quarterback dos Eagles, Donovan McNabb, deu o primeiro passo para a descoberta do verdadeiro conhecimento dos jogadores e revelou que não sabia que um jogo da NFL poderia terminar empatado. Foi apenas a pedra de toque.

A partir daqui, a ESPN partiu para uma aventura em busca de jogadores que pudessem esclarecer com propriedade algumas situações invulgares do jogo. O resultado foi catastrófico como se pode ver aqui.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Era uma vez... o basquetebol

"Quando toda a gente via um cesto de fruta, alguém viu o basquetebol". A frase é de um anúncio a uma bebida alcoólica, mas remete para uma história verídica que se passou neste mesmo dia, 15 de Dezembro, mas de 1891. Esta é a história que retrata na perfeição o início do basquetebol.

A personsagem principal é James Naismith, um canadiano que era professor de Educação Física em Springfield, Massachusetts. Face ao duro Inverno, Naismith estava confinado às actividades de pavilhão e foi praticamente que forçado pelo director da escolha, Springfield College, Luther Gulick, para criar um jogo de pavilhão com finalidades atléticas num prazo de 14 dias. Segundo as crónicas, teria de ser um jogo que "não ocupasse muito espaço, ajudasse os atletas a manter a forma e, acima de tudo, que não fosse demasiado duro e que se tornasse justo para todos".

Continuando por alguns relatos da altura, Naismith analisou os principais desportos da altura e considerou os principais perigos e os propícios ao confronto físico. Desta forma, o novo desporto só teria uma forma de transportar a bola: através do passe. Decidiu ainda que o objectivo estivesse num patamar que não pudesse ser defendido de forma tão "física" como no futebol ou no hóquei, ou seja, o cesto (basket) ficaria colocado a uma altura considerável. O "basquetebol" estava criado, bem como as 13 regras básicas.

Estava criada uma história de sucesso. As regras foram-se alterando (no início eram nove contra nove, a bola era de futebol e os cestos, como hoje os conhecemos, eram cestos de fruta... mais propriamente de pêssegos), mas a essência do jogo manteve-se. Houve quem tentasse chamar ao jogo "Naismith Ball", mas acabou por ser o próprio a deixar a ideia de lado.

Em 1904, nos Jogos Olímpicos de St. Louis, a modalidade foi apresentado oficialmente, mas só se tornou olímpica vários anos mais tarde, em 1936 nos Jogos de Berlim. Em sinal de homenagem, foi Naismith a entregar as medalhas, três anos antes de morrer.

Resta apenas dizer que o primeiro jogo oficial foi realizado no ginásio do YMCA a 20 de Janeiro de 1892, com uma das equipas a ganhar por "concludentes" 1-0.

Mas... mas... mas... e agora?

Não são sinais de gaguez, mas de indecisão. Vamos falar num cenário hipotético. Última jornada de um campeonato e há quatro equipas a lutar pelo título. Os estádios estão cheios e os adeptos ávidos que as partidas acabem para poderem festejar um título, que para alguns é uma reconquista e para outros é um feito singular na história do clube.

Das quatro equipas, três seguem com os mesmos pontos e uma está ligeiramente mais atrás, a precisar de um milagre. Os jogos começam, à tarde, e todos à mesma hora. Não é preciso esperar muito para surgir o primeiro golo e os primeiros gritos de êxtase. "Se acabasse agora...", pensam alguns, pedindo por tudo que não aconteça mais nada.

No entanto, como não poderia deixar de ser num campeonato onde os golos surgem uns atrás dos outros, as outras equipas adiantam-se também. Estão todas em vantagem. E como é o confronto directo, poderão estar a pensar alguns. Outros fazem contas aos golos e à necessidade de ganhar por muitos. Indiferente.

O jogo acaba e aquele dia de festa torna-se num adiamento. Não há campeão. Estamos na Argentina. Prossigamos então agora pelo cenário real. Boca Juniors, Tigre e San Lorenzo terminaram hoje as 19 jornadas do torneio de Abertura em igualdade pontual. Os critérios argentinos são claros e em caso de empate terá de haver uma finalíssima.

Contudo, desta vez são três equipas, por isso a festa vai seguir e vai haver um triangular. É uma situação estranha e não sei se será apenas muito invulgar ou mesmo inédita. A verdade é que o futebol até tem a ganhar com esta emoção e com os jogos extra.

Comparativamente, é um critério muito mais espectacular do que o que se vive no fundo da tabela. O River Plate, campeão do Clausura em título, ficou em último. "Segundona"? Nada disso. O modelo argentino foi alterado há uns anos exactamente para evitar que os cinco grandes desçam. Os millionarios safam-se porque o critério é a média de pontos dos últimos anos.

Argentina, Argentina...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Filhos de Figuras

Crescer na sombra de uma figura desportiva é uma tarefa complicada. Desde cedo surgem as comparações com o pai ou a mãe e a pressão aumenta. Estar ao mesmo nível tem-se revelado quase sempre uma tarefa hercúlea, mas a história traz alguns que conseguem pelo menos chegar a um bom estatuto.

Actualmente em Portugal, Miguel Veloso será o melhor exemplo. O pai, "apenas" Veloso, fez carreira no Benfica e na Selecção Nacional como lateral e somou títulos nacionais atrás de títulos nacionais. Internacionalmente, ficou conhecido por falhar uma penalidade decisiva numa final. Curiosamente, a última vez que ouvi falar dele, como treinador do Atlético da Malveira, foi precisamente numa final perdida, a da Taça de Lisboa, frente ao surpreendente Freiria. No passado, houve Rui Águas. Apesar de não ter conquistado os títulos internacionais do pai (José), Rui conseguiu construir uma carreira que afastou o rótulo de ser apenas "o filho do José".

Lá fora, as grandes figuras de sempre foram, e são, Pelé, Maradona, Di Stéfano, Cruyff, Eusébio, Platini e mais alguns. Desta lista, apenas os filhos do brasileiro e do holandês tiveram, ou têm, passagens pela modalidade. Se no caso de Pelé, o filho guarda-redes foi um flop que envergonhou o nome com sucessivas polémicas e ligações a droga, Jordi Cruyff conseguiu construir algum nome.

Nascido na Catalunha, Jordi cresceu na cantera barcelonista e estreou-se na equipa principal aos 20 anos. Longe de evidenciar o fulgor de Johan, Jordi marcou 11 golos em 45 partidas e após duas temporadas abandonou o clube, coincidindo com a saída do pai. O destino? Manchester.

No United, foi arrasado por lesões e apesar de ter estado numa das equipas mais ganhadoras da história, não conseguiu o sucesso pretendido e foi emprestado ao Celta de Vigo. Mais um insucesso e consequente final de contrato sem renovação. Nesta altura, quando se esperava que se apagasse definitivamente, Jordi chegou ao Alavés. Aí, fez parte da equipa que surpreendeu a Europa do futebol e obrigou o Liverpool ao prolongamento da final da Taça UEFA com o empate a quatro golos.

O destaque fê-lo regressar à Catalunha, ao Espanyol, mas mais uma vez fracassou. O final de carreira, aos 30 anos, adivinhava-se. E foi assim que ficou durante dois anos, apesar de treinar com a equipa B do Barcelona apenas para manter a forma. A questão é: o que faz Jordi neste momento? É companheiro de Mário Sérgio e Ricardo Fernandes nos ucranianos do Metalurg Donetsk.

Razoavelmente surpreendido? Há melhor. Não é colega de sector de Ricardo Fernandes no meio-campo ofensivo, mas sim de Mário Sérgio na defesa. Jordi é actualmente, aos 34 anos, defesa central.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Velhos são os trapos

Vamos falar de 73 anos e de desporto ao mesmo tempo. Se fosse nascido, Elvis Presley teria 73 anos, mas não é dele que se trata, até porque aquele jeito especial de tremer as pernas nunca esteve perto de ser ginástica artística. Possivelmente, trata-se de um qualquer treinador, de uma modalidade qualquer. Com uma breve pesquisa, descobre-se que o antigo internacional alemão Udo Lattek tem 73 anos e até já foi treinador, mas continua a não ser o visado.

Estamos a falar de um basquetebolista que continua a jogar, ou melhor, que recomeçou a jogar basquetebol ao nível dos liceus. A pessoa em questão, Ken Mint, é dada hoje a conhecer por uma reportagem do The New York Times. Esta é a história de um puro desportista que a certa altura da vida cansou-se de ser... velho.

Então, o atlético "idoso" enviou uma carta para várias liceus na proximidade de Knoxville, no Tennessee, a pedir por uma oportunidade. A verdade é: Mint tem 73 anos (72 quando escreveu). O que faria um técnico dar uma oportunidade a um base com essa idade? A reacção da esposa foi natural: "Comprendes que tens 72 anos? Achas que vais convencer alguém que não?"

Ainda assim, o técnico do liceu de Roane State, Randy Nesbit, deu-lhe uma oportunidade, mas principalmente devido à curiosidade da situação, de ver quem era aquele indivíduo que aos 72 anos continuava a considerar-se capaz de praticar desporto.

Como seria de esperar, as reacções dos treinadores adversários foram estranhas. Uns ameaçaram os jogadores de que iriam para casa a pé se ele marcasse algum ponto, enquanto outros fizeram questão de que o defesa que lhe permitisse marcar iria ser motivo de troça para sempre.

A verdade é que a 3 de Novembro, Mink marcou dois pontos. Após receber a bola, simulou o lançamento e acabou por sofrer falta. Da linha de lance livre, não perdeu a oportunidade e converteu ambos. E agora, qual será o próximo objectivo? "Chegar aos duplos dígitos". Contudo, desengane-se quem pense que é o objectivo para um jogo. Mink sabe das suas limitações e gostava de terminar a época com pelo menos 10 pontos.

O treinador sabe a razão para as más "exibições". "A produtividade dele tem baixado desde que cortou o bigode", ironiza. Apesar de admitir as brincadeiras, Mink sabe que tem o respeito dos colegas e tem sempre uma resposta na ponta da língua, já que faz questão de relembrá-los que conhece pessoas de altas instâncias. Na verdade, é apenas um ciclo vicioso, já que a resposta é inevitável: "Onde, no Paraíso?"

Quando não estão nos treinos, alguns jogadores, os mais jovens, organizam festas. Mink é convidado, mas a esposa não dá permissão. Nesbit compreende a decisão. "Se começa a ir pelos maus caminhos é sempre a descer", volta a ironizar.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Homens de armas

Filme dos muitos que costumam passar no canal Hollywood. Um wide-receiver desconhecido recebe uma bola e, quando estava prestes a ser placado, tira uma arma do equipamento e mata o adversário. Após conseguir o touchdown suicida-se.

A questão é... serão os jogadores de futebol americano assim? Os últimos meses parecem garantir que sim. Na verdade, quando comparados com os atletas de outras modalidades profissionais norte-americanas, como a NBA, MLB e a NHL, são considerados mais problemáticos, muito por culpa de serem oriundos de meios sociais também eles mais problemáticos e perigosos.

Plaxico Burress, autor da recepção mais espantosa dos últimos anos na SuperBowl (nos Giants frente aos Patriots em Fevereiro deste ano), foi o último a entrar nesta lista. A versão oficial afirma que o jogador atingiu acidentalmente a coxa direita num espaço de diversão nocturna. A história tem muito de bizarro, mas também de estranha.

A verdade é que os ferimentos foram apenas ligeiros e dias depois Burress já se movimentava sem apoios. O pior ainda estava para vir. Os Giants não acharam piada à história e suspenderam-no, garantindo que não voltaria a jogar até ao final desta época, mas é a polícia quem maiores dores de cabeça dará a Plaxico.

O "Giant" é agora acusado de dois crimes de posse de arma ilegal e arrisca uma prisão superior a três anos. Tal como o The New York Times afirma, Burress tem umas mãos que valem 35 milhões de dólares, mas um cérebro de cinco cêntimos.

Em Setembro, foi Richard Collier a ter o destaque da imprensa. O jogador dos Jacksonville Jaguars foi atingido por 14 vezes por Tyrone Hartsfield, sujeito com quem tinha tido uma altercação num bar em Abril. Como consequência, Collier ficou paraplégico da cintura para baixo e teve de amputar a perna esquerda do joelho para baixo.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Uma visão privilegiada do futuro?

A ideia do laboratório Atlas Sports Genetics (ASG) é simples. Defende que é possível fazer um teste às crianças por 149 dólares (118 euros) para determinar a presença de um gene específico
(ACTN3) que influencia a propensão atlética.

A sua composição permitirá saber se a criança está mais habilitada para desportos de velocidade ou de resistência. No entanto, esta inovação não é consensual. O director do centro médico da Universidade de Califórnia-San Diego, Theodore Friedmann, garante que o teste “não é assim tão claro” e que deveria ser estudado melhor antes de se tornar público.

Stephen M. Roth, da Universidade de Maryland, vai ainda mais longe e diz que a análise de um único gene é demasiado redutora, visto que a performance atlética pode ser influenciada por, no mínimo, 200 genes.

O presidente da ASG, Kevin Reilly, confessa que já esperava algumas dificuldades na recepção da novidade, em declarações ao NewYork Times. Segundo o responsável, algumas pessoas temiam que o teste provocasse “um renascimento do eugenismo, semelhante à tentativa de Hitler de criar uma raça perfeita”.

Ainda assim, Kevin Reilly opta por destacar as vantagens do sistema: “É um método de ajuda para as crianças poderem realizar os seus potenciais e não perderem tempo em outras actividades.”

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Jordan das "meias brancas"

Não, não se trata de um texto humorístico para analisar as tendências da moda de um dos melhores jogadores da história da NBA. Não se trata da famosa meia branca com o desenho da raquete. Meia branca, ou meias, até há, mas em vez da raquete, está um taco... de basebol.

Michael Jordan é um nome que dispensa apresentações. É considerado como um dos maiores atletas de sempre e no basquetebol conquistou tudo o que havia para ganhar. Quando se fala em MJ, será difícil não se associar imediatamente a Chicago, mais propriamente aos Chicago Bulls. Mas na verdade, quantos são aqueles que são capazes de o associar aos Chicago White Sox (da MLB)?

Na verdade, são precisamente os Chicago White Sox, e a sua ligação a Jordan, que são capazes de explicar o facto dos Houston Rockets terem ganhos dois campeonatos na década de 90. É que em 1993, após ter sido campeão pela terceira vez com os Bulls, Jordan decidiu enveredar pelo basebol, cumprindo assim um sonho que o seu pai tinha alimentado desde que Michael nascera.

Aproveitando as ligações entre os proprietários das duas equipas, MJ assinou um contrato com os White Sox. A decisão foi tomada precisamente no ano em que o pai, James Jordan, foi assassinado numa auto-estrada na Carolina do Norte. Acima de tudo, o astro do basquetebol quis honrar o pai.

Nos White Sox, Jordan estreou-se num jogo de exibição frente aos Chicago Cubs, onde chegou a surpreender ao ter três hits nas cinco vezes que foi chamado a bater. Ainda assim, o contrato era para uma equipa das ligas secundárias com ligação aos White Sox: os Birmingham Barons.

Jogando como outfielder, Jordan registou uma média de .202, com 3 home runs, 51 RBI e 30 bases roubadas, o quinto melhor registo da Liga. Sem ter o sucesso natural que teve nos Bulls, Jordan era visto com algum desdém pelos outros jogadores de basebol. Uma vez, um chegou mesmo a afirmar que Jordan não seria capaz de acertar numa bola curva, mesmo que tivesse munido com uma tábua de engomar.

Por outro lado, MJ não se pode queixar de não ter treinador, já que o responsável pelos Barons era... Terry Francona, o actual técnico dos Boston Red Sox, bicampeão da World Series e que quebrou o jejum da equipa de Massaschusetts de 86 anos sem vencer. Sobre Jordan na altura... Francona queixava-se que transformava a equipa num circo devido à perseguição dos jornalistas.

Satisfeito com a incursão no basebol, Michael Jordan convocou uma conferência de imprensa, mas limitou-se a dizer uma frase: "I'm back". O resto toda a gente sabe. Mais três títulos de campeões, dois de MVP da Liga e três de MVP da final.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Política desportiva

O que têm em comum Fidel Castro, Barack Obama, Vladimir Putin, José Sócrates, George W. Bush, Evo Morales e Hu Jintao além da política? Na verdade, todos eles demonstraram no passado, ou continuam a demonstrar, atracção pelo desporto.

Em Portugal, o primeiro-ministro José Sócrates é conhecido pelos hábitos de corrida, que o levaram inclusivamente a percorrer a Praça Vermelha, em Moscovo, sob forte escolta policial. Ainda assim, Sócrates confirma apenas uma tendência clara.

Fidel Castro, o antigo Presidente cubano, notabilizou-se no desporto durante a vida estudantil, chegando mesmo a ser galardoado com o prémio de melhor atleta do liceu e, aos 21 anos, foi o lançador da equipa de basebol.

Do outro lado do Mundo, o Presidente chinês Hu Jintao demonstrou na promoção dos Jogos Olímpicos de Pequim as capacidades, quase que inatas no país, para praticar ténis de mesa.

União. Os ideais políticos opostos são esquecidos quando se entra em campo. Neste sentido, um comentador de futebol zambiano, Dennis Liwewe, afirma no documentário “Lusaka Sunrise” de Silas Hagerty, que “não é fácil juntar 73 tribos diferentes que falam literalmente 73 dialectos diferentes num só grupo e o futebol desempenha um papel fundamental para garantir esta união”.

A ideia de Liwewe é confirmada internacionalmente. O desporto não é comum a apenas uma facção política, mas tem o condão de reunir várias. Nos Estados Unidos, o antigo e o actual Presidente representam partidos distintos, mas unem-se através do desporto. No passado, o republicano Bush teve um papel activo na gestão da equipa de basebol Texas Rangers, enquanto o democrata Barack Obama é um assíduo praticante de basquetebol.

Já Vladimir Putin, actual primeiro-ministro russo, ostenta no currículo o título de campeão de São Petersburgo no judo, sendo actualmente o presidente do clube onde aprendeu a modalidade enquanto jovem.

Futebol. Na política existe também quem gostasse de seguir as pisadas de Cristiano Ronaldo. Nestas quatro linhas, destaque para o Presidente boliviano Evo Morales, que aos 47 anos continua a jogar e recentemente teve papel activo na luta contra a FIFA para demonstrar que não há riscos de jogar em altitude.

A história tem também casos de atletas que tentam enveredar pela política, mas o sem sucesso. Em 2005, George Weah perdeu a corrida para as eleições presidenciais da Libéria.

Mais a sério. O actual líder da monarquia espanhola, o rei Don Juan Carlos, competiu na classe Dragão, em vela,mas ficou fora dos lugares de medalha. Anders Fogh Rasmussen, primeiro-ministro dinamarquês, já subiu o AlpeD’Huez na companhia do antigo ciclista Bjarne Riis.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Datas... de nascimento e não só

Hoje é 1 de Dezembro de 2008. Um dos destaques deste dia é, sem margem para discussão, o facto de marcar a Restauração de Independência portuguesa face aos espanhóis em 1640, mas é também o aniversário de um dos clubes de futebol português mais antigos: a Sociedade União 1.º de Dezembro, de Sintra, que foi fundado em 1880.

O 1.º de Dezembro é um clube invulgar pelo nome, pelo facto de remeter para uma data histórica. O maior exemplo será a Naval 1.º de Maio, que marca presença no principal escalão de futebol, mas a verdade é que os figueirenses não são conhecidos por 1.º de Maio. No entanto, do outro lado do oceano, existe um país onde as datas de baptismo nos clubes são quase como uma tradição.

Deixemos Portugal por uns minutos e aterremos no Paraguai. Num campeonato principal com apenas 12 equipas, três delas são reconhecidas por uma data. Verdade seja dita. Se antes destas linhas que lê lhe perguntassem o que significa 12 de Outubro, 2 de Maio e 3 de Fevereiro, o que diria? Acredito que "clube do Paraguai" seria a última a resposta a passar-lhe pela cabeça.

A partir do momento em que se sabe a resposta, será mais fácil tentar descobrir que todas estas datas não significam apenas a data em que o clube foi fundado, mas também que representam uma marca na história paraguaia. Aconselho, então, a irmos caso a caso, respeitando a classificação actual.

O 12 de Outubro é o melhor classificado dos três e ocupa actualmente a oitava posição. De certa forma, esta é já uma evidência de que são clubes com pouca afirmação, comparativamente a outros como Olimpia, Libertad e Cerro Porteño. Mas voltemos ao objectivo. Por que se chama 12 de Outubro ao 12 de Outubro? Será importante começar por dizer que o 12 de Outubro foi fundado a... 14 de Agosto. Antes, em 1811, foi neste dia que o governo de Buenos Aires (Argentina) assinou o Tratado de Amizade, Auxílio e Comércio que reconhecia como independente a província do Paraguai.

Para a frente no texto, para trás nas datas. Chegámos a 3 de Fevereiro, o antepenúltimo da classificação a uma jornada do fim. Facto a reter: o 3 de Fevereiro foi fundado a... 20 de Novembro de 1970. Criado por vários habitantes da Ciudad del Este, o 3 de Fevereiro honra a data em que a cidade foi fundada, 13 anos antes. Curiosamente, a data tem ainda um significado premonitório, já que foi nesse dia, mas em 1989 que se realizou o golpe de Estado contra o ditador Alfredo Stroessner.

Finalmente, o 2 de Maio, penúltimo da classificação. Para não variar, em todo este esquema de facilitar as datas, o 2 de Maio foi fundado a... 6 de Dezembro. Neste caso, o 2 de Maio não significa uma data em si, já que foi criado por ex-combatentes paraguaios na Guerra del Chaco, que eram membros do Regimento da Infantaria 2 de Maio.

Nós por cá, os portugueses, até preferimos facilitar as coisas, apesar de toda a fama. É que o 1º de Dezembro foi fundado a 1 de Dezembro e a Naval 1.º de Maio também foi criada a 1 de Maio. Enfim, portuguesices.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Já sabemos do Viagra, mas alguém consegue explicar?

A semana ficou marcada por uma notícia que pode ser alvo de muitas brincadeiras e trocadilhos. Através de uma notícia da Lusa, vários órgãos de comunicação social anunciaram que o viagra, o comprimidinho azul mágico que revolucionou o universo de piadas em 1998, pode ser considerado doping se tomado em altitude.

Num exemplo ímpar (neste caso foi par) de jornalismo de descoberta e iniciativa, o serviço noticioso falou com Luís Horta, a quem atribui a garantia que é mesmo doping... em altitude. No entanto, a capacidade de comunicação de Horta é tão fraca que a frase mais explicativa da situação é esta: "Se o atleta estiver a competir numa altitude acima dos 1.500 metros, o sildenafil [princípio activo do Viagra] aumenta o rendimento dos atletas". Muito pouco, convenhamos.

Lá mais para a frente, o director clínico da Pfizer surge citado, de acordo com a imprensa brasileira (mérito não é da Lusa), a dizer que "só funciona quando existe uma deficiência nos vasos. Ou seja, é a única frase que ajuda a descobrir um pouco o véu.

Vamos dar agora um passo atrás para depois poder dar dois à frente. O trocadilho na iniciativa par da Lusa não foi por acaso. A verdade é que muitos dias antes, já o New York Times tinha publicado uma notícia sobre os testes a que alguns jogadores de Lacrosse se estavam a submeter para avaliar se o viagra pode ser, ou não, considerado doping.

Além de ficarmos a conhecer os relatos pessoais de alguns dos testados, bem como da forma como estão a ser "afectados" no espaço social, o NY Times explica efectivamente a situação. Como se sabe, o viagra é um medicamento que permite a melhor circulação do sangue, facilitando a chegada ao órgão sexual masculino, de forma a que este possa manter a vida sexual activa. No entanto, o princípio básico do viagra é apenas a dilatação dos vasos sanguíneos que, com o aumentar da idade, se vão estreitando e dificultando a normal circulação.

E agora, a questão da Lusa. Por que é que será considerado doping se se competir em altitude? Kenneth W. Randall, director do Laboratório Human Performance, esclarece que em altitude a cirulação sanguínea perde eficácia devido à menor quantidade de oxigénio. Assim, o uso de viagra permite, "basicamente, competir em altitude como se estivesse ao nível do mar, com as mesmas condições aeróbicas".

Além de toda a discussão sobre o tema, que ainda não está comprovado pelo laboratório que está a realizar os estudos, mas que Luís Horta já pode confirmar com tanta certeza, ficamos a saber também que em 2004 um grupo de alpinistas recorreu ao viagra para escalar com maior facilidade o Evereste.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

E só agora é que dizem?

Stirling Moss, Jim Clark, Mario Andretti, Alan Jones, Didier Pironi (na foto do lado esquerdo), Alain Prost, Nigel Mansell, Ayrton Senna e Felipe Massa? O que têm estes nove pilotos de Fórmula 1 em comum?

Acredito que o primeiro instinto é pensar que todos eles ganharam títulos, mas rapidamente se percebe que Felipe Massa não o conseguiu fazer... por uma curva. Na verdade, todos estes nove pilotos teriam agradecido se o génio de Bernie Ecclestone se tivesse revelado mais cedo.

A história é simples. Segundo o patrão da Fórmula 1, o Mundial de pilotos a partir de 2009 deverá decidir-se não através dos pontos que cada piloto soma ao longo de todos os Grandes Prémios, mas sim o número de medalhas (ouro, prata e bronze para os primeiros três lugares). Basicamente, o piloto que vença uma prova ficará à frente de outro que termine no segundo lugar em todas as provas.

Se o caso de Felipe Massa ainda está bastante presente, que dizer de todos aqueles que, injustiçados ou não, não foram campeões apesar de terem ganho mais títulos? Se Felipe Massa ainda está em actividade e a tempo de vencer e Mansell, Senna, Prost, Clark, Andretti e Jones conseguiram chegar a campeões do Mundo, Stirling Moss e Didier Pironi nunca vão sair do quase. Daquele ano em que apesar de terem ganho o maior número de provas, não passaram disso.

Pelo contrário, existe o exemplo de Keke Rosberg em 1982. O finlandês, pai do alemão Nico Rosberg que corre actualmente no "Grande Circo". Numa época com 16 provas, Rosberg venceu apenas uma. Rapidamente o leitor deduzirá uma de duas coisas: ou Keke era de uma regularidade impressionante ou o campeonato foi mais equilibrado do que nunca?

Vamos por partes. De facto, além da vitória no Grande Prémio da Suíça (apenas o antepenúltimo do Mundial), Rosberg terminou três vezes no segundo lugar e duas no terceiro, contudo não foi isso que lhe deu o título. O equilíbrio foi tão grande que houve 11 vencedores de provas. De acordo com o modelo pensado por Ecclestone, o vencedor seria Didier Pironi (cá está ele outra vez), visto ter ganho duas provas. Ainda assim seria preciso recorrer ao desempate por medalhas de prata, já que John Watson, Alain Prost, Niki Lauda e René Arnoux conseguiram o mesmo.

1958
Mike Hawthorn Stirling Moss

1964
John Surtees Jim Clark

1967
Denny Hulme Jim Clark

1977
Niki Lauda Mario Andretti

1979
Jody Scheckter Alan Jones

1982
Keke Rosberg Didier Pironi

1983
Nelson Piquet Alain Prost

1984
Niki Lauda Alain Prost

1986
Alain Prost Nigel Mansell

1987
Nelson Piquet Nigel Mansell

1989
Alain Prost Ayrton Senna

2008
Lewis Hamilton Felipe Massa

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Deficiências

Citius, Altius e Fortius. As três palavras mágicas do ideal olímpico que Pierre de Coubertin descobriu para o maior evento desportivo do Mundo. No entanto, estas ideias têm sido subvertidas ao longo da história de forma a conquistar uma glória eterna, mas não interna.

Nomes como Lasse Viren, Ben Johnson, Marion Jones e... selecção espanhola de basquetebol destacam-se entre os demais. Porventura estarão atónitos com o último caso, mas a verdade é que será dos mais chocantes e insultuosos para o ideal desportivo.

Nos Jogos Paraolímpicos de Sidney em 2000 na Austrália, a selecção espanhola de basquetebol esteve simplesmente fantástica. 73-58 sobre Portugal, 94-48 com o Brasil e uns esmagadores 87-20 ao Japão. O domínio prolongou-se na fase a eliminar: 97-67 à Polónia e 87-63 na final com a Rússia.

O que estava mal com a selecção ibérica simplesmente demolidora? Entre os medalhados, estava Carlos Ribagorda que, ao não se contentar com a glória e(x)terna, contou toda a verdade pelo orgulho interno.

Jornalista à paisana na selecção, Ribagorda contou todo o processo ilícito com que a federação forjou os testes mentais de forma a garantir uma suposta deficiência mental. Pior que isso, a polémica estendia-se ao ténis de mesa, atletismo e natação.

Num "plantel" de 12 jogadores, 10 eram deficientes e a equipa chegou a ter ordens para acalmar e deixar de marcar pontos, de forma a que a diferença pontual não causasse estranheza nos principais responsáveis.

O jornal britânico Guardian classificou o escândalo como um dos 30 escândalos mais graves do desporto.

PS: História descoberta através do blog Artte do Futebol.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sangue português

O povo português é orgulhoso por natureza. Habituados a exultar por cada vez que a língua portuguesa surge num filme de Hollywood ou simplesmente surge uma personagem portuguesa, os portugueses são, na sua grande maioria, desatentos quando se tratam de figuras, por assim dizer, do desporto que se notabilizam nos Estados Unidos.

Para quem está atento, quando surgem os apelidos Ribeiro, Gomes, Teixeira ou mesmo Mendes a vontade de usar as ferramentas à disposição no Google e na Wikipédia é bastante de forma a chamar de seu o êxito que os Ribeiros, Gomes, Teixeiras e Mendes vão tendo nos Estados Unidos.

O perigo de serem apenas sul-americanos (como os muitos brasileiros na NBA ou venezuelanos na MLB) ou cabo-verdianos (Ryan Gomes) são alguns, mas a verdade é que quando se fala destes Ribeiros, Gomes (outro que não o Ryan), Teixeiras e Mendes, fala-se mesmo de jogadores com descendência portuguesa, mesmo que não saibam distinguir Elvas de Badajoz, Ayamonte de Vila Real de Santo António ou simplesmente apontar a quem pertence Olivença.

O último a ter algum destaque nos Estados Unidos foi Carlos Mendes, defesa central dos New York Red Bulls, por ter alcançado a final da MLS, perdida para os Columbus Crew. O pequeno Carlos foi literalmente uma prenda de Natal para os pais José e Maria. Nascido a 25 de Dezembro de 1980, seguiu a carreira desportiva e notabilizou-se relativamente aos irmãos Melissa, Juliana e Robert.

No perfil do futebolista, pode saber-se ainda que é um hábil baterista e guitarrista e que em 2005 foi um dos sete jogadores que posou para um ensaio da Vogue ao lado da modelo brasileira Gisele Bündchen.

Johnny Gomes (Tampa Bay Rays) enveredou pelo basebol. Ao contrário de Mendes, o Natal não traz boas recordações. Decorria o ano de 2002 quando o luso-descendente sofreu um ataque cardíaco à paisana. Porquê? Talvez por ser demasiado “forte” para se assustar com uma pequena dor, Gomes ignorou os sintomas durante 27 horas antes de se deslocar ao hospital, depois de ter desmaiado.

Os médicos não foram de modas. Mais uma noite de sono e a família Gomes teria perdido o seu “Johnny boy”.

Também no basebol há Mark Teixeira. A descendência de Teixeira é luso-italiana e actualmente preenche manchetes desportivas em todo o país. Após ter chegado ao playoff com os LA Angels, é actualmente um dos jogadores sem contrato mais apetecíveis do mercado. Os históricos Boston Red Sox ocupam a dianteira na perseguição ao “Marco”.

No hóquei em gelo, há um luso-descendente, mas este não é estado-unidense, é canadiano. Chama-se Mike Ribeiro e é uma das principais figuras dos Dallas Stars. Na última temporada Ribeiro levou a equipa às costas até à final de conferência, mas saiu vergado pelos Detroit Red Wings, que viriam a conquistar a 11.ª Stanley Cup.

Quem é Quem...
...Kenny Cooper

Com a vitória dos Columbus Crew na fina da MLS, disputada ontem, frente aos New York Red Bulls, foi anunciada a equipa da temporada.

Guarda-redes: Jon Busch (Chicago Fire)
Defesas: Jimmy Conrad (Kansas City Wizards), Bakary Soumare (Chicago Fire), Chad Marshall (Columbus Crew)
Médios: Cuauhtémoc Blanco (Chicago Fire), Guillermo Barros Schelotto (Columbus Crew), Robbie Rogers (Columbus Crew), Shalrie Joseph (New England Revolution), Sacha Kljestan (Chivas USA)
Avançados: Kenny Cooper (F.C. Dallas), Landon Donovan (Los Angeles Galaxy)

Com alguns nomes conhecidos para a maior parte da população europeia com interesse futebolístico como Landon Donovan, melhor jogador do campeonato e que teve papel activo na desilusão de Portugal no Mundial'2002, o mexicano Blanco, que surpreendeu o Mundo com a finta peculiar no Mundial de França e o argentino Guillermo Barros Schelotto, histórico jogador do Boca Juniors. Outro há que, apesar de não ser reconhecido, tem uma ligação muito maior a Portugal do que os restantes. Vai falar-se de Kenny Cooper.

Na verdade, o verdadeiro Kenny Cooper, por assim dizer, nasceu há mais tempo e depois de ter feito parte da equipa de reservas do Blackburn Rovers, fez carreira nos Dallas Tornados. Quis o destino que o filho dele viesse a ter mais sucesso. Kenny Cooper Jr tem 24 anos e, tal como o pai, começou a carreira num clube inglês (Manchester United), sem contudo nunca ter representado a principal equipa.

Em 2004/2005, Cooper tentou a sorte noutro país europeu e veio para Portugal. A Académica recebeu-o mas, apesar de ter vindo rotulado como "goleador do Manchester United" teve uma passagem muito fugaz por Portugal, à semelhança de outros jogadores oriundos do Reino Unido. Não tão pouco como Nial Quinn, não tanto como Brian Deane, mas talvez ao nível de Alan Mahon.

Nessa época, pela Briosa, Cooper actuou em dez jogos, mas fez apenas 317 minutos. Além de tempo jogado, conseguiu somar apenas um cartão amarelo e golos... nem vê-los. Actuou dois minutos no Municipal contra o Benfica e na partida contra o Sporting não saiu do banco. Em Janeiro, abandonou o clube de regresso a Inglaterra, para vestir as cores do Oldham.

No entanto, a história do pai voltaria a entrar em acção e Kenny Cooper cruzou o Atlântico para jogar pela equipa de... Dallas. O FC Dallas. Esta época, não houve "pai" para ele e marcou 18 golos em 30 jogos, ficando apenas atrás de Landon Donovan. A época de sonho valeu-lhe o prémio de "Comeback Player of the Year" e a chamada à selecção norte-americano para a partida da semana passada com a Guatemala.

Agora, a hipótese de voltar ao Velho Continente está em equação e Eintracht Frankfurt e Borussia Mönchengladbach já demonstraram interesse. Com apenas 24 anos, Kenny Cooper pode cortar os laços que o ligam ao pai e começar a construir um futuro original.

Quem é Davis, o da Taça?

A Espanha sagrou-se este domingo campeã da Taça Davis em ténis, reconhecidamente a prova mais importante do ténis por selecções. No entanto, apesar de ser uma prova com enorme prestígio e falada por todos, quantos são aqueles que sabem a identidade da pessoa que deu o nome à competição? Quem é o Davis, o da Taça?

O Davis é antecedido de Dwight Falley e pertence a um norte-americano, nascido em 1879 no rescaldo das celebrações do Dia da Independência (5 de Julho) e que decidiu enveredar, qual Jesus Correia que venceu títulos no Sporting no futebol e no hóquei em patins, pelo ténis e pela política.

Natural de St. Louis, no Missouri, Dwight Davis brilhou nos US Championships em ténis em 1898, sendo derrotado apenas na final. Dois anos depois, surgiu o primeiro esboço da Taça Davis. Decorria o ano de 1900 quando Dwight decidiu criar toda a estrutura da competição que foi nomeada primeiramente como o International Lawn Tennis Challenge. Além de pensador, juntamente com outros três, fez parte da equipa norte-americana que venceu as provas de 1900 e 1902.

Com 25 anos, Dwight F. Davis terminou a onda de destaques nas prestações desportivas, com a participação nos Jogos Olímpicos de 1904, que se realizaram na sua terra-natal, St. Louis. Na política destacou-se nas pastas da Guerra, chegando a ser mesmo secretário de Guerra de 1925-1929, pertencendo ao Partido Republicano. A próxima sexta-feira marca o 63.º aniversário da sua morte.

domingo, 23 de novembro de 2008

Rivalidades históricas
Harvard vs Yale II


Harvard ganhou a 125.ª edição do The Game contra Yale, por 10-0.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Rivalidades históricas
Harvard vs Yale

O desporto está marcado pelas inúmeras rivalidades, sejam elas em que modalidade for. Neste sábado, o futebol americano universitário nos Estados Unidos vai parar para assistir a um dos jogos mais esperados do ano, também seguido a nível internacional: Harvard contra Yale.

As duas universidades são reconhecidas mundialmente e vistas entre as melhores do Mundo. Se em Londres, Oxford e Cambridge digladiam-se há mais de um ano nas margens do Tamisa, numa prova de remo, nos Estados Unidos, são Harvard e Yale que se encontram num estádio com um ambiente fantástico.

São a primeira e terceira universidades mais antigas nos Estados Unidos (William & Mary é a segunda) e defrontam-se em recintos construídso no início do século XX: o The Stadium (1903) e o The Bowl (1914), que têm tanto de valor desportivo como de valor histórico.

No final do século XIX, o presidente da universidade de Yale (New Haven, Connecticut), Bart Giamatti, apelidou o jogo como "a última beleza do século nos Estados Unidos". A partida apela a todos e vários presidentes (FD Roosevelt, George Bush senior, George W. Bush, John Kennedy, William Howard Taft, entre outros) presenciaram ao vivo, quer como caloiros ou veteranos.

Sem uma implicação clara no desempenho desportivo da temporada, um antigo treinador de Harvard, Joe Restic, rouba as declarações a Juskowiak, quando aborda o dérbi Sporting-Benfica: "A vitória torna o Inverno mais quente. E muito frio se se perder".

Tal como outras rivalidades no futebol americano universitário, a partida é conhecida como The Game. A partida de amanhã será a 125.ª entre os Harvard Crimson e os Yale Bulldogs desde 1875. Neste momento, Yale lidera com 65 vitórias, contra 51 de Harvard.

Apesar do saldo negativo, Harvard tem sido mais forte nos últimos anos. Nas últimas sete edições, Yale venceu apenas em 2006. No ano passado, Harvard venceu por 37-6 no terreno do adversário. Este ano defende o "título" em casa.

FC Bunyodkor - Extreme Makeover


O Bunyodkor é o exemplo perfeito de como um clube com recursos financeiros provenientes
de explorações petrolíferas e de gás natural e uma boa estratégia de marketing pode ganhar destaque mundial. Fundada em 2005 com o nome Kuruvchi, a equipa de futebol conseguiu ascender à primeira divisão, mas faltava algo mais.

Foi assim que, em Julho, entrou nas bocas do Mundo, com o anúncio da contratação de Samuel Eto’o. A notícia caiu como uma bomba e o camaronês chegou mesmo a dar uma conferência de imprensa em Tashkent, capital do Uzbequistão, mas a transferência não passou de uma obra de marketing.

Um mês depois, em Agosto, dois momentos marcaram a história do clube. Primeiro, alteraram o nome para Bunyodkor, cujo significado atesta a grandeza e sucesso desportivo do clube, e depois
garantiram a contratação do antigo internacional brasileiro Rivaldo.

O antigo jogador do Barcelona e AC Milan garantiu ter recebido uma proposta irrecusável e permitiu desde logo que o clube voltasse a ter destaque internacional. Dias depois, Zico assumiu
o comando técnico. Os maiores sucessos ainda estavam para vir. Apesar de eliminado nasmeias-finais da Liga dos Campeões Asiáticos, o Bunyodkor sagrou-se este fim-de-semana campeão
uzbeque, superando o crónico campeão Pakhtator.

Soccer seduz estrelas da NBA


Os gigantes das tabelas sentem-se cada vez mais atraídos pelas redes das balizas de futebol, ou soccer, como o desporto é conhecido nos Estados Unidos. Na Liga profissional de basquetebol norte-americano (NBA), o número de fãs confessos do desporto-rei do Velho Continente é cada vez maior e Kevin Garnett foi um dos últimos a revelar-se.

O interesse do jogador dos Boston Celtics ganhou dimensão durante uma digressão do Chelsea aos Estados Unidos no início da época. Garnett criou laços de amizade com os futebolistas do clube britânico e manteve contactos frequentes com Didier Drogba.

Em Maio da época passada, enviou uma mensagem escrita a desejar boa sorte para a final da Liga dos Campeões. O clube retribuiu o gesto antes da final da NBA e ofereceu uma camisola do Chelsea como número “5”, o mesmo que enverga na equipa de Boston.

No YouTube, Garnett descobriu a magia de Ronaldinho Gaúcho, que já o fez prometer que irá a Milão ver um jogo do brasileiro, bem como assistir ao vivo a jogos do Mundial da África do Sul em 2010.

Durante a pausa da competição, Garnett jogou futebol assiduamente, mas confessou estar longe das capacidades de SteveNash, base dos Phoenix Suns. “Ele joga muito bem e consegue fazer efeitos.” O basquetebolista canadiano foi falado várias vezes como eventual comprador do Tottenham Hotspurs, equipa da Liga Inglesa. A paixão de Nash pela equipa londrina é antiga,mas o jogador nega-se sempre a comentar a eventual aquisição.

Anfitrião

Nash organizou um jogo de futebol em Nova Iorque. Para além do jogador dos Phoenix Suns, estiveram presentes nomes como Jason Kidd, Leandro Barbosa e Raja Bell. Baron Davis esteve em destaque ao cometer dois penáltis por mão na bola. Há vícios difíceis de se esquecer.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Batalha de Highbury (1934)


Para a imprensa britânica da época, 14 de Novembro representava o primeiro título mundial de futebol da Inglaterra. A Federação tinha recusado participar no Mundial’1934, mas convidou os transalpinos,que se tinham sagrado campeões, para um particular em Highbury, Londres.

Habituados a achar que eram donos do futebol, cedo os ingleses elevaram o jogo particular ao título de “verdadeira final”. Afinal de contas, eram os campeões oficiais contra “a melhor equipa do Mundo”.

O jogo começou bem para os ingleses (3-0 aos 12 minutos), mas os italianos tinham uma palavra a dizer. Na segunda parte, o mítico Giuseppe Meazza marcou por duas vezes, enquanto os restantes jogadores deram razão ao nome pelo qual o jogo ficou conhecido: “Batalha de Highbury.”

Segundo escreveu o Guardian na altura, os italianos não entenderam o conceito de particular. Hapgood partiu um osso do nariz, Brook foi obrigado a tirar radiografias ao braço, Bowden saiu com um tornozelo magoado, enquanto Drake ficou gravemente ferido numa perna. Tudo isto levou um jogador a afirmar: “Isto não foi um jogo de futebol, foi uma batalha.”

Hoje, 74 anos depois, a selecção inglesa é orientada por um italiano, Fabio Capello.

FICHA DO JOGO:
Estádio do Arsenal, Highbury, Londres
Assistência: 56 044 espectadores
Árbitro: Otto Olsson (Suécia)
Inglaterra
Frank Moss (Arsenal)
George Male (Arsenal)
Edris Hapgood (Arsenal)
Clifford Britton (Everton)
John Barker (Derby County)
Wilfred Copping (Arsenal)
Stanley Matthews (Arsenal)
Raymond Bowden (Arsenal)
Edward Drake (Arsenal)
Clifford Bastin (Arsenal)
Eric Brook (Manchester City)

Itália
Carlo Ceresoli (Ambrosiana - Inter)
Eraldo Monzeglio (Bolonha)
Luigi Allemandi (Ambrosiana - Inter)
Attilio Ferraris IV (Lazio)
Luis Monti (Juventus)
Luigi Bertolini (Juventus)
Enrique Guaita (AS Roma)
Pietro Serantoni (Juventus)
Giuseppe Meazza (Ambrosiana - Inter)
Giovanni Ferrari (Juventus)
Raimondo Orsi (Juventus)