sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Já sabemos do Viagra, mas alguém consegue explicar?

A semana ficou marcada por uma notícia que pode ser alvo de muitas brincadeiras e trocadilhos. Através de uma notícia da Lusa, vários órgãos de comunicação social anunciaram que o viagra, o comprimidinho azul mágico que revolucionou o universo de piadas em 1998, pode ser considerado doping se tomado em altitude.

Num exemplo ímpar (neste caso foi par) de jornalismo de descoberta e iniciativa, o serviço noticioso falou com Luís Horta, a quem atribui a garantia que é mesmo doping... em altitude. No entanto, a capacidade de comunicação de Horta é tão fraca que a frase mais explicativa da situação é esta: "Se o atleta estiver a competir numa altitude acima dos 1.500 metros, o sildenafil [princípio activo do Viagra] aumenta o rendimento dos atletas". Muito pouco, convenhamos.

Lá mais para a frente, o director clínico da Pfizer surge citado, de acordo com a imprensa brasileira (mérito não é da Lusa), a dizer que "só funciona quando existe uma deficiência nos vasos. Ou seja, é a única frase que ajuda a descobrir um pouco o véu.

Vamos dar agora um passo atrás para depois poder dar dois à frente. O trocadilho na iniciativa par da Lusa não foi por acaso. A verdade é que muitos dias antes, já o New York Times tinha publicado uma notícia sobre os testes a que alguns jogadores de Lacrosse se estavam a submeter para avaliar se o viagra pode ser, ou não, considerado doping.

Além de ficarmos a conhecer os relatos pessoais de alguns dos testados, bem como da forma como estão a ser "afectados" no espaço social, o NY Times explica efectivamente a situação. Como se sabe, o viagra é um medicamento que permite a melhor circulação do sangue, facilitando a chegada ao órgão sexual masculino, de forma a que este possa manter a vida sexual activa. No entanto, o princípio básico do viagra é apenas a dilatação dos vasos sanguíneos que, com o aumentar da idade, se vão estreitando e dificultando a normal circulação.

E agora, a questão da Lusa. Por que é que será considerado doping se se competir em altitude? Kenneth W. Randall, director do Laboratório Human Performance, esclarece que em altitude a cirulação sanguínea perde eficácia devido à menor quantidade de oxigénio. Assim, o uso de viagra permite, "basicamente, competir em altitude como se estivesse ao nível do mar, com as mesmas condições aeróbicas".

Além de toda a discussão sobre o tema, que ainda não está comprovado pelo laboratório que está a realizar os estudos, mas que Luís Horta já pode confirmar com tanta certeza, ficamos a saber também que em 2004 um grupo de alpinistas recorreu ao viagra para escalar com maior facilidade o Evereste.

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